UMA GRANDE LIÇÃO ENVOLVENDO AMOR E REPUTAÇÃOHomens ou mulheres, ninguém escapa ileso. No intricado mundo dos sentimentos, onde mora o amor verdadeiro, fatores externos podem modificar ou acabar com esse sentimento profundo em dias ou segundos. Na vida nada dura para sempre, prá durar temos de cultivar o amor, o respeito, a gratidão, a cumplicidade, a reputação e, entre outras coisas, o perdão, a cada dia, cada hora e em cada oportunidade. Pessoas que acreditaram que a felicidade pode ser encontrada em novas amizades ou novos relacionamentos, especialmente sem compromisso, sempre estarão equivocadas. Amizades ou relacionamentos oportunistas são ofertados hoje mais do que nunca, via Internet em salas de pate-papo ou sites de relacionamentos, banalizando ainda mais esses comportamentos que chamávamos, no passado, de desregrados. O conto a seguir é fato e aconteceu comigo na década de sessenta. Quando perdi quem amava e me dei conta do quanto significava para mim o que perdi, passei meses tentando justificar, sem admitir que fosse motivado por meus encontros casuais, as vezes apenas com amigas ou grupos de amigos. Só lembrando que amigos que aparecem nos momento em que podem tirar algum proveito da sua amizade, não são amigos, são hienas disfarçadas a espera de carne. Amigos de verdade as vezes machucam no que dizem ou fazem, mas buscando sempre o seu bem sem exigir nada em troca! Estes são como diamantes raros. Uma certa vez, num final de semana qualquer, eu estava num bar, creio que junto estivessem outros amigos e amigas e queríamos nos divertir e até mesmo se embriagar, quando uma pessoa, vinda não sei de onde, se acercou da mesa e me perguntou: - Quanto vale a sua reputação? Eu respondi: - Não sei, mas creio que vale muito! Então ele acrescentou: - Mas você a está vendendo por uma garrafa de vinho. Uma garrafa de vinho é o que ela vale neste momento. Os amigos, por mais leais que sejam não a compensam, uma, duas ou três garrafas do vinho, mesmo dos mais caros, não a compra de volta, e depois de perdida, é como plumas solta ao vento, não se pode juntar mais. Vá e seja reto consigo e com aqueles que o amam, porque além da reputação o que mais vale é o amor, que como uma flor, depois que murcha não viça mais! Eu fiquei chateado, posso dizer que fiquei até magoado com aquelas duras palavras e meus amigos riram do velho a quem chamaram de gagá. Continuamos a beber e a nos divertir até altas horas e dali fomos pra casa, quando todos ainda dormiam. Não nos viram chegar embriagados. Uns firmes outros cambaleantes, mas todos esbanjando felicidade ou o que acreditávamos fosse felicidade. Naquela tarde, creio que passado das quatro, fui ao encontro da namorada, que chegou na casa da irmã, pois morava em outra cidade. Naquela noite ela teve febre e clamava por minha presença, a pessoa que naquele momento ela mais amava, e era por ela que eu também me perdia de amores. Como ainda não havia o celular me procuraram por toda parte e não me encontraram. E se houvesse o celular, certamente o teria deixado desligado. Um amor lindo e correspondido, que de tão puro as vezes parecia nos sufocar, mas esse era o preço que todo amor sincero e verdadeiro cobra de seus amantes. Enquanto bebia nem me lembrava de que ela existia. Eu queria curtir aquele momento só meu, foi como se fosse um grito de liberdade, enquanto ela sofria por não me ter ao seu lado. Foi a última vez que a vi, e com razão, embebecida em lágrimas, ela se despediu e entrou. A irmã com sua língua felina me disse algumas verdades e fechou o portão que me separava daquela vida de retidão dos momentos entre os amigos que eu tanto apreciava. Ainda ali no portão, onde me recebeu pra dizer algumas palavras e terminar num triste e irreversível adeus, percebi o que havia perdido e porquanto eu tinha vendido toda a minha reputação e toda minha felicidade. Ela e a família dela não pactuava com aquele meu comportamento, que por mais inocente que pudesse parecer, era desregrado. Depois de perde-la é que descobri que não era ela que me sufocava, mas os meus medos e a minha imaturidade. Quando me voltei cabisbaixo sem saber o que dizer, caminhando aturdido sem entender bem porque tudo terminou ou como tudo aconteceu, ao virar a esquina o mesmo velho gagá me apareceu novamente e me disse, essas palavras duras que calaram em minha mente e em minha alma: - Quando encontrar um novo amor, seja reto com aquela que o ama e pondere o que vale mais, se os amigos, as garrafas de vinhos, encontros efêmeros descompromissados ou o amor puro e correspondido? Nem notar ou querer prestar atenção, eu havia perdido a tal da reputação perante aquela pessoa que eu amava e que me amava. Perdi o amor que mais queria, perdi junto a felicidade que pensava não existir. Tudo por algumas horas de prazer, junto a pessoas que mal conhecia. Momentos efêmeros que eu chamava de momentos inocentes e acreditadava que não teriam maiores consequências, até perder quem eu mais queria. No dia em que meu coração doeu, nenhum desses meus amigos ficaram do meu lado, exceto os que precisavam de mim e se mostravam falsamente solidários. Quem pagava a conta era eu, e o preço naquele estado foi ainda mais caro. Só ficou eu e a minha dor. Na matilha eu não passava de um lobo solitário. No quanto eu sofri, percebi o quanto ela sofreu para romper os laços que prendiam nossas almas. Conto dedicado em agradecimento e respeito a L.T.M. por esta grande lição. Ponderações finais: É muito comum a troca de amores verdadeiros por promessas vazias de amigos passageiros, ou pelo simples prazer de transgredir até sem perceber ou ainda fruto de nossa falta de experiência ou amadurecimento. Se você tem uma pessoa que ama, fique longe do mercado onde são oferecidos produtos, quase sempre em ricas embalagens, mas na maioria das vezes de má ou péssima qualidade! (O Autor: - Este conto é lindo se prestarem atenção, muito profundo e, num dia qualquer, prometo fazer dele uma poesia, até porque as rimas estão praticamente prontas). EREDIA, Antonio Emilio Darmaso Tupã-SP - Terça Feira 09 de junho de 2012 - 03hs e 43min.v |