Contém descrição e ilustrações para adultos. Não recomendadas para menores
Não subestime as evidencias nem ignore a beleza de uma mulher só porque ela veste um macacão, botas de borracha e trabalha como frentista de um posto de gasolina na beira de uma estrada.
Era quase noite, e o tempo ameaçava chuva intensa, com nuvens escuras e carregadas, muito relâmpagos e trovoadas ensurdecedoras.
A moto já precisa ser abastecida e só havia aquele posto na estrada. Uma placa luminosa rangendo ao vento e uma luz que insistia em piscar dando sinais de que há muito carecia de reparos.
Três bombas empoeiradas, ninguém a vista e, não fosse pelo tilintar de uma marreta na borracharia, poderia jurar que o posto estava deserto.
Segui na direção das marretadas, enquanto o vento soprava forte balançando o telhado do posto causando a nítida impressão de que, a qualquer momento, voaria aos pedaços.
Um ser asqueroso, com uma enorme barriga, urinava na frente do toalete masculino, depois se voltou sacudindo o pinto e tentando fechar a braguilha cujo zíper parecia emperrado.
Agachada, tentando montar o pneu da carreta, uma mulher, de estatura franzina, cabelos amarrados e de capacete azul, vestindo um desses macacões azuis todo cheio de graxa.
Vendo seu esforço e tendo pressa para abastecer, ofereci minha ajuda, mas ela se levantou, olhou para mim e, sem das respostas verbais, desceu a marreta no aro que se encaixou firmando o pneu.
Eu não disse nada, mas a ajudei a erguer o pneu, enquanto o brutamonte ainda insistia em fechar o zíper que de fato estava emperrado.
O porco de barba sebenta poderia muito bem ajudar a pobre mulher, mas fazia de questão de ficar parado coçando o saco, como faz todo e qualquer cara asqueroso.
E eu a auxiliei com o trabalho sobre-humano de encaixar a pesada roda nos parafusos, até porque, quanto antes terminasse, aquela grotesca figura sumiria da nossa frente e eu poderia abastecer a moto e seguir viajem.
Ele enfiou a mão na carteira tirou uma nota de cinqüenta reais e esperou o troco. Vi que ele tinha notas de valores menores, dinheiro trocado, mas queria complicar, ou dificultar o troco, quem sabe até ir embora sem pagar. - Desculpe senhor! – disse a moça – Não tenho como lhe dar o troco, o patrão saiu e levou todo dinheiro do caixa! - Não se preocupe moça! – interferi - Vou abastecer, então posso adiantar o troco. - Enfiei a mão no bolso e tirei quarenta e cinco reais e dei ao brutamonte, que entrou no caminhão e escafedeu-se desaparecendo na estrada deserta. A moça levou o macaco para dentro da borracharia e em seguida jogou a marreta e o restante das ferramentas que havia usado, depois retirou as luvas cheias de graxa e pude ver as mãos bem cuidadas e as unhas esmaltadas de vermelho.
Segunda parte:
Fomos até a bomba para abastecer a moto, quando o temporal desabou e a energia elétrica acabou.
- Merda! – disse a moça. – Não vai dar para abastecer a sua moto. Tem um outro posto daqui a uns quarenta quilômetros! -Desculpe, já usei a reserva e não conseguiria rodar mais quarenta quilômetros! - Então podemos ficar aqui até a energia voltar, se voltar! Uma rajada mais forte trouxe água até nós e fomos obrigados a recuar. Em seguida percebemos que não era só água de chuva, mas uma forte rajada de vento carregada de granizos. - Vou ter de fechar o posto, e me recolher – disse a moça! - Não tem ai um quarto que possa me alugar, creio que a chuva não vai parar tão cedo e provavelmente vai esfriar muito de madrugada. - Sinto, só há um único quarto com uma cama de solteiro. Se a energia voltar eu abasteço a sua moto e o senhor vai até o posto mais adiante ale eles alugam quartos.
E assim ela se foi para os fundos do posto e eu fiquei ali, já tremendo de frio. Não pensem que aquelas roupas de motoqueiros, feitas de couro, são boas para o frio porque não são. Elas esquentam demais no calor e não protegem do frio.
A solução foi tentar me proteger das rajadas de vento e granizo, de cócoras usando a moto como tapa vento. Uma tentativa em vão. Os dentes rangiam e o queixo tremia involuntariamente.
Lembrei do banheiro masculino, lá pelo menos eu poderia ficar protegido, mas a porta estava trancada, talvez por esse motivo o caminhoneiro barrigudo não pode entrar e por isso mijou do lado de fora.
- Moço! – e a mão de alguém, chegando por traz, tocou meu ombro. – Vem pra dentro, está muito frio ai fora! Era ela. Encolhido e com as mãos congeladas e uma forte dor nos maxilares, nem tive tempo de responder ou agradecer. Entramos em seu quarto. Apesar do cheiro de óleo, era vem arrumado. Uma porta ao lado dava para um banheiro privativo, o sobre o criado uma vela acesa dava uma luz tênue mas suficiente para clarear o pequeno cômodo.
- Seria bom você tomar um banho quente, você está gelado e com a roupa toda molhada. - Mas quente? – perguntei. - Não há energia, como poderia tomar um banho quente? - Meu pai instalou esse chuveiro a gás, para o caso de faltar energia, o que aqui é muito freqüente.
Ai ela virou-se para o lado já janela para que não me visse tirando a roupa, e nu entrei debaixo do chuveiro. Receber aquela água quente escorrendo pelo corpo foi como ver a vida nascendo dentro de mim.
Quando sai do chuveiro enrolado na toalha que ela havia me dado, ela já estava na cama embaixo de vários cobertores. A cama era de solteiro, muito estreita, mas ela ocupava só metade da cama, e ali naquele pequeno quarto não havia mais espaço sequer para uma cadeira.
Em um fio atravessado de parece a parece, uns poucos cabides onde pendurei as minhas roupas molhadas. Depois ainda enrolado na toalha sentei-me aos pés da cama. - Você não vem? - ela perguntou-me! Olhei para traz e ela sorriu para mim me convidando a deitar-me ao seu lado.
Quando ergui os cobertores, vi que estava nua. Seus seios enormes e pontudos apontavam na minha direção, e seu sorriso fez com que eu engolisse seco de tanta vontade de beijá-los.
Eros, o Deus do amor, não podia ter me preparado surpresa melhor.
Seu corpo bem mais quente do que o meu. Fiquei até com receio de encostar nela com o meu tão gelado. Suas mãos macias, nada parecidas com as que eu imaginei fossem as daquela moça que pegava na marreta há pouco.
Ela vigorosamente, acariciava minha pele, procurando aquecer-me. Eu tremia, não sei de ansiedade ou de frio. E só parei de tremer quando seus lábios úmidos e quentes tocaram os meus. Sua mão escorregou devagarzinho, e tocou meu pênis de um modo diferente, como nenhuma mulher havia tocado antes. Um calor brotou de dentro para fora. Meu pau endureceu e cresceu tanto que pensei fosse ter um priapismo.
Se enganam quem pensa que todas as mulheres são iguais. A criador deu a cada uma delas o privilegio de ser diferente, de ser especiais.
Minhas mãos percorriam o seu corpo e pude ver o quanto era sedutora. Jamais podia imaginar que dentro daquele macacão cheio de graxa, havia uma linda mulher dona de um corpo maravilhoso de curvas estonteantes.
Quando sua boca agasalhou meu pau eu já não ouvia mais o barulho da chuva nem o ribombar dos trovões, apenas anjos cantando.
Penetrar suas entranhas então, raspadinha, apertadinha, quente, úmida, deliciosa, foi como abrir as portas do paraíso. Ouvir seus gemidos a cada movimento me levou a agradecer ao Criador o fato de me ter feito homem.
Quando gozamos, gozamos juntinhos. Depois nossos corpos entrelaçados adormeceu para só acordar no dia seguinte com o cantar dos passarinhos e alguém batendo à porta.
Ela se levantou envolta num roupão e entreabriu a porta, deu uma chave a alguém que estendeu a mão e votou a deitar-se. - Deve ser tarde, tenho de ir e você terá que voltar ao trabalho...! - Não se preocupe, ontem foi meu ultimo dia aqui, por isso, se não estiver com pressa, dê-me mais algumas horas de amor. E nos amamos com a mesma intensidade daquela madrugada fria.
Depois do banho saímos do quarto pelos fundos. Com um beijo proibido, nos despedimos sem que ninguém percebesse.
Abasteci a moto e ao deixar o posto ela estava na beira da estrada. - Quer que eu leve você a algum lugar? - Não se preocupe pegarei o ônibus, além do que não tenho um capacete. Seria multado se me levasse. - Tudo bem! Ah! E qual é o seu nome? - Nome? Pra que nomes, nunca mais nos veremos! – Deu um sorriso e um aceno de adeus.
Acelerei e sai dali para cumprir meu destino.
No dia seguinte soube pelo noticiário que, naquele posto a beira daquela estrada deserta, um veiculo desgovernado, cujo motorista estava embriagado, havia atropelado e levado a óbito uma garota que esperava pelo ônibus à beira da estrada.
Não sei se seria ela. Nunca soube o seu nome e não havia fotos nos jornais. Só sei que aprendi algo importante:
Nunca subestime as evidencias, porque tudo pode acontecer à beira de uma estrada.