Resenha: Durante anos tive um romance com uma garota em sonhos que se sucederam meses após meses. Nos encontrávamos sempre no mesmo lugar, casa, rua e sempre presente as mesmas pessoas. Levei alguns anos para descobrir que não era só sonhos, mas encontros que só aconteciam enquanto meu corpo dormia, por isso atribui essa experiência além da nossa compreensão relativa, como sendo sonhos que foram sonhados ou realidades vividas como sonhos dentro de um sonho. - Como poderia sonhar com as mesmas pessoas, os mesmos lugares e acontecimentos numa sequencia ideal muito próxima a nossa realidade objetiva? Para quem sempre acreditou que sonhos, na verdade, são medos ou desejos que aparecem em forma de ícones, ou seja, imagens, muitas vezes aparentemente sem nenhuma correlação com os acontecimentos do nosso dia a dia e que sempre traduzem nossos medos ou desejos escondidos no nosso subconsciente, nunca obtive uma resposta convincente para essa pergunta. Se num sonho estão envolvidas sempre as mesmas pessoas, os mesmos lugares e além disso, você vê essas pessoas crescendo, envelhecendo, adoecendo e morrendo ao longo dos anos, tem que admitir que não é apenas sonho, mas algo que aconteceu além dos sonhos que são sonhados. Neste nosso caso, foi UM AMOR ALÉM DOS SONHOS! Se você já viveu ou está vivendo uma experiencia parecido relate e permita que a publiquemos para que, outras pessoas saibam, que há algo que a ciência e a religião ainda não podem explicar e que convencionamos chamar de "vidas paralelas". Depois de ter vivido o que vivi, creio que a alma que habita nosso corpo não é uma exclusividade e nem vive somente neste mundo material que conhecemos, mas também em outros, próximos de nossa imaginação mas muito além da nossa compreensão. Antonio Emilio Darmaso Eredia. Quando perdemos a capacidade de sonhar, perdemos a capacidade de viver!
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Capítulo I - INTRODUÇÃO Confesso que naquele dia cheguei em casa muito cansado. tivemos um treino forçado na escola. Em uma semana partiríamos para Curitiba para as Olimpíadas Estaduais de basquete. Devo confessar mais: - eu não era um desses jogadores que o técnico se refere com entusiasmo, mas daqueles que somente é citado no final da lista, mais para preencher vaga do que pelo interesse de que vá realmente fazer a diferença no jogo. Isso tinha e tem uma explicação. Nunca fui bom em trabalhos de equipe, tanto que prefiro esportes individuais como tiro ao alvo, corridas ou mesmo artes marciais. O que me empolgava e me levava a participar da equipe de basquete era chance de conhecer Curitiba, a capital do Estado do Paraná, um sonho que alimentava desde a quarta serie, quando o professor de geografia falava de lá como se fosse a nossa Londres brasileira, rica em condutas e artes. Naquele treino seletivo, dei a máximo de mim e garanti minha vaga no time titular de basquete do Ginásio Estadual de Paranavaí. Garanti meu passaporte para a realização de um sonho. ................................................................................................................................. O prefeito da cidade nos presenteou com um par de tênis da marca Rainha, talvez por esse motivo até hoje é minha marca preferida e um macacão vermelho alaranjado próprio para o frio, já que o mês de julho a temperatura, em Curitiba, facilmente chega a alguns graus abaixo de zero. Deixei o macacão em um lugar visível do quarto e sobre o macacão o par de tênis, deitei e fiquei olhando para aquela dupla de objetos, sem acreditar que já podia contar o tempo em horas para uma das viagens mais desejadas da minha vida até então. Com a luz do poste da rua entrando pela janela, adormeci e enquanto meu corpo dormia em sonho viajei, mas não foi um viagem para Curitiba, foi para um lugar distante que eu não conhecia, nunca tinha visto nada igual e nem imaginava que pudesse existir. ................................................................................................................................. Capítulo II - A CIDADE DO SONHO Parte 1 Cansado do treino puxado do dia, fui pra cama bem mais cedo que de costume e logo adormeci. Alguns são sonhos sem sentido logo vieram para preencher minha noite. Logo meu corpo se aqueceu sob os cobertores e o calor começo e me sufocar. Estava transpirando, creio que mais pelo volume de roupas do que pelos pesadelos que me levaram a acordar com o coração batendo acelerado. Levantei com os pés descalços naquele chão frio e fui até a geladeira para beber água. Creio que a temperatura já estivesse por volta de uns seis graus descendo para zero. Olhei pela janela e uma névoa gelada cobria a lâmpada amarelada no poste da rua, formando um alo multicolorido. A madrugada seria bastante fria. Roupas sempre me incomodavam fosse verão ou inverno. Estava seminu já temendo de frio e esfregando os braços para me aquecer. Voltei para a cama, me enfiei debaixo dos cobertores. Não estava mais como sono, olhei para o relógio na parede que marcava uma hora e quinze minutos. Normalmente seria nesse horário que eu costumava ir para cama, mas hoje excepcionalmente deitei por volta de nove horas, já tinha dormido o suficiente, mas não pretendia ficar de pé tremendo de frio, por isso procurei relaxar e contar as os tic tac do relógio pra tentar dormir novamente. Senti a cama confortável e num dado momento como que entrando em um outro mundo me vi vestido com uma calça Lee (lembram-se), camisa branca de festa e botas de salto com zíper. Eu me preparava para ir a algum lugar e estava sentado na cama, não sentia frio apesar da pouca roupa. ................................................................................................................................. Parte 2 Não sei dizer como fui levado a um local totalmente desconhecido de uma cidade diferente com ruas com acentuados aclives e declives, calçamento em paralelepípedos acinzentados. As casas eram simples de muro baixo e embora já estivesse escurecendo pareceu-me que não passasse das seis da tarde. Fui descendo a rua, sem saber onde iria parar nem porque estava ali. O que me chamou atenção foi o barulho de uma porta se abrindo. Era uma casinha pequena, com uma varanda pequena apenas para proteger a porta de madeira com uma viseira. A luz da sala não me permitiu distinguir nitidamente a figura de uma menina que saiu e foi até o portão. Fui tomado por uma irresistível vontade de me dirigir a ela, mas com certo receio de não ser bem recebido ou mal interpretado. Não havia motivo algum para me aproximar. No portão pude ver seu rosto adornado por uma cabeleira longa, de um negro brilhante, escorridos até a cintura e a pele alva. Seu perfume era suave e convidativo. Uma estranha força fez com que eu parasse e por um segundo pensei no que poderia dizer para iniciar uma conversa informal. - Boa noite!... Pode me dizer que cidade é esta? Eu não pensei em dizer essas palavras, fazer a pergunta, mas tudo saiu automaticamente. - Você não e daqui? - Não. Na verdade nem sei explicar como vim parar aqui! - Isso acontece. As vezes eu me vejo em lugares que nunca estive antes, como se fosse num sonho! Disse ela sorrindo e abrindo o portão, desceu dois degraus da escada para se aproximar de mim. Seu perfume exalava suave inundando a rua e o meu coração que batia forte e esquentava meu corpo. Uma sensação deliciosa de paz reinou em minha mente, como no reencontro de uma pessoa querida, mas com certeza eu nunca a tinha visto nem em sonhos. Ela estendeu a mão, para que eu a beijasse, num gesto um tanto antigo, mas que ainda não havia perdido o toque de requinte e delicadeza. Quase que instintivamente a beijei tomado por um desejo incontrolável de mantê-la rente o meu rosto. Uma senhora de uns quarenta e dois anos saiu à porta, trazendo-me a realidade. Recompus-me de pronto, crendo estar sendo indelicado ou mesmo inconveniente com quem acabara se conhecer. Mas a presença daquela senhora reforçou ainda mais aquela sensação de que me encontrava diante de pessoas há muito conhecidas. Tinha em mente que tudo aquilo era só um sonho, desses sonhos sonhados, mas que não pretendia acordar para não parar de sonhar. ................................................................................................................................. Parte 3 As duas quase que simultaneamente me convidaram a entrar. A casa era pequena com a porta de um dos quartos dava para sala, onde um sofá de tecido estampado combinava com as cortinas. Em seguida vinha a copa ornada com móveis de madeira de fino acabamento e feitos para durar. Sobre a mesa um vaso de cristal com flores naturais já um pouco murchas, que a senhora as retirou para servir a mesa. - Fica para o jantar? – Perguntou-me aquela senhora, esbanjando sorrisos e simpatia. Eu estava meio confuso, não sabia como tinha ido parar ali naquela cidade, nem o que estava fazendo naquela sala com aquelas pessoas até então desconhecidas. - Me desculpe senhora, não sei nem o que dizer... Aliás, nem sei como vim parar aqui? - Fica sim... Durante anos minha filha viu você passando por essa rua, mas ela era muito nova pra ter qualquer envolvimento com um homem, mas creio que chegou o momento... Você nos pareceu um bom rapaz! - Mas minha senhora, isso aqui me parece apenas um sonho que logo vou acordar e tudo terá passado, será apenas uma lembrança e nada mais...! - Então fique e aproveite antes que acorde. Quem sabe não estamos todos sonhando... Vocês não dizem que sonhos que se sonham juntos não é sonho é realidade? Então aproveite e viva esta realidade! A garota sentou-se ao meu lado, a senhora do outro lado da mesa e para ocupar a cabeceira da mesa veio do quarto dos fundos um senhor de mais ou menos sessenta anos, apoiando-se em uma bengala. Seu andar era lento, e ficamos olhando para ele que andava com dificuldades. Ouvi um despertador tocando, parecia que o som da campainha vinha do quarto ao lado, e então despertei em minha cama, enrolado nos cobertores e mesmo assim sentindo frio. Naquele dia a temperatura chegou aos quatro graus acima de zero e o sol ficou o dia todo encoberto pela neblina. Passei o dia lembrando-me do sonho e do encontro com aquelas três pessoas que me pareceram tão familiar. Ao contrário do sonho anterior, cheio de ícones e assuntos aparentemente desconexos, havia aqui uma ordem de fatos e de personagens que se mantiveram definidos por todo o tempo em que estive sonhando. Ela não me disse o nome da cidade nem vi em alguma placa o nome daquela rua. Com certeza não era a cidade onde eu morava. Tupã - SP, 22 de janeiro de 2013 - 10 horas e 05 minutos - Horário de verão em Brasília). ................................................................................................................................. CAPÍTULO III - O SEGUNDO ENCONTRO |