Contém descrição de cenas de violência e sexo explicito. Não recomendado para menores ou pessoas sensíveis.
Quando o telefone de um advogado toca de-pois das 22 horas e tem alguém desesperado do outro lado da linha, clamando sua presença é o momento que gostaríamos de ter escolhido exercer uma outra profissão.
Nunca nos chamam, tarde da noite, para algo bom. Por força do oficio, vestimos o paletó po-mos uma gravata qualquer, tiramos o sono da cara e assumimos um ar circunspecto, de mo-do a impor com uma postura de quem tudo sabe e tudo resolve. Temos de passar essa impressão para o cliente e só assim conseguiremos tran-qüiliza-lo.
I - Melhor mesmo seria não ter atendido ao telefone, mas como convi-ver com o sentimento de culpa, especialmente quando se trata de uma ex-cliente, que sempre pagou direitinho, sem pechinchar, cujos préstimos nos era solicitado num momento inoportuno como aquele - mas que clamava por nossa presença em visível desespero.
II - Duas quadras antes de chegar na casa onde minha aflita cliente pediu para encontrá-la, foi possível perceber que estava acontecendo algo muito grave. O ambiente estava iluminad pelas luzes intermiten-tes de um resgate do corpo de bombeiros e varias viaturas policiais.
Já não podia ter dúvidas, quanto a passar a noite num imbróglio de difícil ou impossível solução. Já conhecia bem a rotina e sabia que as próximas horas passariam ouvindo as lamurias de uma mãe enquanto o filho, algemado, assinava montes e montes de papel. O rapaz usa-va de drogas e, volta e meia, estava sendo indiciado.
A menos de cem metros da casa, havia um cordão de isolamento e a movimentação de policias era intensa. Entendemos que a situação no local indicava ser muito pior do que pensávamos.
Johan Nathan Christoferson da Silva, era o nome do rapaz de vinte e dois anos, amasiado, depois de ter consumido vários gramas de coca-ína, estuprou e estrangulou a cunhada de treze anos que veio passar férias na casa deles, depois pegou o revolver do pai, meteu uma bala na cabeça da esposa e outra no filho de quatro anos.
Agora com o trinta e oito apontado para a própria cabeça ameaçava se matar. Pode parecer desumano, mas ao ver aquela cena, pensa-mos que seria melhor que ele se desse um tiro na cabeça pondo de uma vez por todas um fim ao martírio que a família vivia desde que ele se meteu no mundo das drogas, ainda com quatorze anos.
Esse tétrico e insensato pensamento foi logo substituído por um de arrependimento. Eu não tinha o direito de julgar ou decidir o que podia ser melhor ou pior para ele ou seus pais, em visível desespero. Pedi aos céus paz e que a tragédia já instalada não terminasse com mais uma morte.
III - Um dos policiais interceptou minha passagem e pediu para ficásse longe da cena do crime enquanto eles negociavam a rendição do as-sassino.
Apesar de saber que a policia detém eficientes técnicas de persuasão e um expressivo indicie exitoso nesses casos, temia que os resultados fossem desastrosos. Eu conhecia aquele rapaz o suficiente para sa-ber que acabaria se suicidando, por outro lado, nada podia fazer a não ser esperar o fim das negociações.
Nossa cliente veio ao nosso encontro, vertia lagrimas e era visível e compreensível seu desespero. Pediu para eu interceder. Ele tinha, por mi, um profundo respeito, por isso acreditada que eu poderia persua-di-lo a largar a arma e se entregar a policia.
Mas para isso eu precisava de autorização da pessoa que estava no comando da operação. Sinceramente torcíamos para que a autoriza-ção me fosse negada, eximindo-me dessa cruel responsabilidade.
Por sorte a autoridade policial encarregada do caso havia se ausenta-do do local para atender a uma outra ocorrência. Fiquei aguardando e torcendo para que a situação de resolvesse nesse interregno de tem-po.
As horas foram passando e as coisas permaneciam inalteradas. Uma hora da manha e uma viatura da policia civil chegou trazendo a dele-gada. Uma morena em um blazer azul escuro, sapatos altos e uma automática ponto quarenta na cintura. Parecia uma dessas heroínas de beleza estonteante saída das telas do cinema.
O policial que a aguardava a informou acerca de nossa intenção de tentar intervir para a redenção do criminoso.
Por varias vezes durante a conversa inaudível ambos olharam para mim. Pelo menear de cabeça da delegada, pude perceber que rejeita-va qualquer interferência de um civil numa operação arriscada como aquela e que dizia respeito somente à policia intervir.
- Creio que a policia não permitirá que eu interceda junto ao seu filho! Confabulei com a minha cliente.
No fundo eu estava contente por nos manter fora daquele fatídico en-contro. Livrando a mim de interceder no caso, meu papel ali se resu-mia em dar apoio à nossa cliente e depois cobrar os honorários.
Como disse, seriam só mais algumas horas, a detenção da rapaz, um monte de papeis para assinar e voltaríamos para casa com mais al-guns cruzados no bolso.
Vinte minutos mais tarde um estampido de revolver ecoou na madru-gada. Policiais correram e entraram na casa. Paramédicos desceram com suas macas. Minha cliente pos as mãos na cabeça e em planto e caiu de joelhos no asfalto.
VI - O rapaz descontrolado, e sob o efeito da droga, cumpriu o intento estourando os próprios miolos. Estava completa a cena de sangue na madrugada, com quatro cadáveres estendidos na sala.
Incontido, violei o cordão de isolamento e cheguei à porta da sala, palco desses terríveis acontecimentos. O corpo do rapaz ainda estre-mecia com os resquícios de vida que restava.
Um cenário chocante até mesmo para aqueles acostumados com es-se tipo de coisa. Nunca tinha me deparado com algo tão terrível e de-salentador.
Fui tomado por um misto de choque e desespero, seguida de incon-trolável sensação de nojo e desarranjo estomacal. Voltei cambaleando até o carro e verti tudo o que havia no estômago.
Minha cliente desmaiou e foi socorrida pelos paramédicos do corpo de bombeiro. Quanto a mim nada mais tinha para fazer na cena do crime. Quando estava entrando no carro para ir embora, ouvi a delegada dar ordens para que prendessem o pai do rapaz simplesmente porque era o dono da arma que filho usou para matar a cunhada, a esposa, o fi-lho e depois cometer suicídio. O pobre velho, ficou apavorado. Não bastava o fato de ter perdido quatro pessoas queridas da família, e ainda seria levado algemado, como um reles bandido. Em desespe-ro o velho perguntava: - Alguém pode me dizer o que eu fiz para estar sendo preso? - Ordens do delegado! – respondeu o policial enquanto verificava se as algemas estavam devidamente ajustadas nos pulsos magrelos e trêmulos daquela figura esguia, abatida e desolada.
Eu tinha que acompanhar o velho até a delegacia. Questionei a dele-gada sobre os motivos da prisão, e ela respondeu: - No meu entender ele facilitou os crimes quando deixou a arma num local de fácil aces-so, sabendo que tinha um filho drogado!
Enquanto ela justificava os motivos da prisão, se movimentava de um lado para outro e num dado momento, eu estava de volta à repugnan-te cena do crime, pisando na lama de sangue pelo chão.
Um dos peritos intercedeu e nos fez deixar o local.
Mais tarde, na delegacia, ela interrogou o velho e o liberou. Afinal a convenci de que não havia indícios seguros de autoria para sustentar um flagrante delito.
Capitulo II
Acompanhei o meu cliente até o carro quando um parente veio buscá-lo. Pensava em voltar para casa quando um investigador se aproxi-mou e me disse quase sussurrando: - A delegada pediu para o senhor ir até a sala dela.
Quando entrei ela estava recostada no sofá, sem o bleizer, com a blu-sa semi-aberta, se abanando com um leque argentino. A saia justa acima dos joelhos deixava à mostra um pelo par de pernas. Ela pediu café para dois.
Tomamos o café e ela afirmou sorrindo: - Que noite. O que eu não da-ria por uma boa massagem nos meus pés!
Tomei aquilo como um sutil convite: - Se quiser posso fazer isso...! Não me diga que o senhor também é massagista? – Ela perguntou. - Não! Sou apenas advogado. – respondi - Mas todos os dias faço em minha esposa, por isso conheço bem a técnica.
- Hummm! Tenho um creme ótimo na bolsa!
Retirou um tubo de creme de amêndoas com cravo, próprio para massagens e o entregou a mim. Enquanto massageava os seus lin-dos pés, entre um sussurro e outro de prazer, ela falava de coisas tri-viais. Num dado momento disse:
- Não sei explicar, mas essas cenas de sangue me deixam excitada...!
Parei imediatamente e massagem e perguntei - Excitada?
- Sim - respondeu ela - cadáver, sangue... Tudo isso dá uma tesão...! Me puxou pela gravata até que meu rosto ficasse bem próximo do seu, nossa bocas quase se tocaram, senti o calor de seu corpo e seu hálito quente com um cheiro sedutor de batom.
Não queria admitir, mas também estava bastante. Fazer massagens em seus pés me deu um prazer incompleto e eu queria mais.
Quando ela me puxou pela gravata, confesso que fui acometido de uma súbita ereção. Aquela ousadia da mulher fatal, me “arrastando“ para perto de si e as cenas de sangue davam uma sensação estra-nha, nunca antes experimentada.
Quinze anos de papai e mamãe parecia ter chegado ao fim. Ela olhou para o relógio da parede, enquanto abria os botões da minha camisa:
- Meu plantão termina em duas horas! – disse ofegante - É pouco tempo. Tirou as chaves da bolsa e as jogou para mim - No meu carro. Vá para o meu carro. Você dirige!
Assim que viramos a esquina foi o tempo suficiente pra ela abrir o zí-per da minha calça, expor meu falo e cair de boca com uma voracida-de felina.
Entramos no primeiro motel que encontramos, mas nem fomos para o quarto. Na garagem enquanto a porta descia para nos isolar do mun-do tiramos nossa roupas. Ela se apoiou no banco do passageiro e eu a penetrei por traz.
Meu falo rompeu suas entranhas vaginais e ela gemeu de prazer, mas com os movimentos ela, no auge da excitação, começou gritar. E seus gritos ecoaram na madrugada e foram ouvidos por todos que estavam no motel. Pedi para que os contivesse, e ela, para abafa-los mordeu o apoio de cabeça do banco, arrancando nacos do tecido.
Eu, que enquanto fiel ao casamento, havia anos não fazia nada além do estilo “papai e mamãe”, confesso que fiquei meio encabulado. En-quanto solteiro, de todas as transas que tive, raramente saiamos do convencional.
Aquela mulher tinha uma tara demoníaca. Uma vontade de trepar sem precedentes. Minha cabeça girava revendo as cenas da noite, o san-gue ainda grudado na sola dos sapatos, o disparo da arma que pos fim a vida do meu cliente, ainda ecoava em meus ouvidos e me deixa-va querendo sexo de forma bestial, mas por outro lado, tudo isso so-mado ao sentimento de culpa por dar a primeira pulada de cerca, me deixava tenso o suficiente para não ejacular. O que de certo modo foi muito bom, porque se tivesse ejaculado teria posto fim a nossa ma-drugada de “amor”.
Por essas ou outras razões que até hoje não sei explicar, não gozei e copulamos até que ela, em meio aos estridentes gritos, tivesse múlti-plos orgasmos. Ela parecia insaciável. Uma verdadeira máquina de moer garanhões. Saímos do carro, corremos e nos atiramos na cama redonda olhando nossos corpos refletidos nos múltiplos espelhos.
Ver nossos corpos suados entrelaçados como duas molas entrelaça-das, aumentava a vontade de ambos. Uma sensação inexplicável, uma vontade louca de entrar um no outro, pela boca, pelos anus, pela boceta. Não queríamos e não podíamos parar.
Ela se dizia transformada em puta, mas creiam, nem a prostituta mais experiente do mundo chegaria aos seus pés. Ai ela lambuzou meu pênis com o próprio liquido da vagina, ficou de quatro e pediu que a penetrasse no ânus com firmeza e certa dose de violência. - Me fode, me rasca, me bate na bunda!... Ela era quem mandava, dominava e agora queria se entregar a mim. Qual homem não deseja meter no rabo de uma mulher para vê-la submissa de quatro?
Aquelas nádegas redondas, bem feitas, de pele aveludada era um convite às palmadas. Nuca tinha vivido uma dose de sexo como aque-la e foi natural que agisse com delicadeza num primeiro momento. Seus apelos para que a subjugasse como homem me desfiava a fazer o que, por razões de educação me recusava a fazê-lo. Mas creiam leitores e leitoras, educação e sexo não combinam. Por isso, atento aos seus apelos apliquei fortes palmadas, que estalaram como se fossem tiros na noite.
Vendo-a de quatro, submissa, levando palmadas como se fosse uma menina travessa que precisasse apanhar, meu tesão aumentou e meu pau começou a pulsar. Ela sentindo que eu poderia ejacular a qual-quer momento, assumiu o comando. Virou-se na cama me deixando com o pau na mão, virou-se de frente e, como uma leoa subjugando a caça, me jogou de costas na cama. Sentou no meu pau, e eu o senti rasgando. Aquela penetração doeu quando o prepúcio veio para traz. Ela fechou os músculos da xana deixando-a tão apertado que, se já não a tivesse penetrado antes, pensaria que fosse virgem. Mas essa era sua intenção. Queria que eu sentisse dor porque ela gostava da dor como uma de suas fontes prediletas de prazer.
Suas unhas afiadas rasgaram a minha pele e chumaços de cabelos do meu peito foram arrancados sem piedade enquanto ela atingia mais uma vez o seu ponto máximo, mas eu não consegui segurar e deixei meu liquido escorrer para dentro daquela vagina apertada.
Fomos para o chuveiro lavar o suor de nossos corpos. Debaixo do chuveiro, senti o doce mel de seus lábios vaginais. Um café da manhã e nossos corpos se entrelaçaram para uma segunda sessão de sexo animal.
VII - Creio que todos nós temos esse desvio de comportamento, se assim podemos chamar esse grau de excitação que ocorre depois de assistirmos a uma cena de sangue. O fato é que sexo e sangue são dois ingredientes perigosos que andam de mãos dados.
Enquanto voltamos para a delegacia, ela não disse uma palavra. Ape-nas recostou no banco e dormiu. Chegamos. Desci do carro, como se nada tivesse acontecido entre nós.
Fui para casa, com um sentimento de culpa danado por ter traído a esposa, mas sexo como aquele eu nunca havia experimentado. Ape-sar da culpa, valeu a pena.
Nos próximos dias em que estivesse na delegacia de policia e ela es-tava, me chamava de “doutor” em atitude estritamente profissional. Foi como se tudo aquilo entre nós, nunca houvesse acontecido.
Uma única vez para virar história. Nunca mais tivemos uma noite de sangue e sexo na madrugada.