Com uma historia de amor prá contar é sequencia de "Lembranças inesquecíveis de uma Noite de Natal”
CONTÉM DESCRIÇÃO DE CENAS DE SEXO NÃO RECOMENDADA PARA MENORES
Faltavam dois dias para o ano novo quando recebi um telefonema. Era uma das minhas tias. Ela pediu-me que voltasse a Paranavaí para passar o ano novo por lá. E tinha um forte motivo para isso. Meu avô desejava dar uma festa de passagem de ano e queria toda a família reunida. Alguns dos meus primos não compareceram para o Natal, e prometeram que viriam, era a oportunidade de rever a todos, em especial os da minha geração. Desejava muito estar com eles, de modo que no dia 30 de dezembro a noite, arrumei as malas e... - Fui! O som do acordeom do Hilário, meu tio, tocando podia ser ouvido a algumas quadras de distancia e era um som inconfundível. Por um instante, veio-me à lembrança aquela inesquecível Noite de Natal. Senti o coração acelerar e instintivamente olhei para os pulsos procurando as marca das algemas, embora soubesse que já não estavam mais. Revivi a noite de 25 de dezembro, nos mais preciosos momentos, até que meus pensamentos fossem tomados pela figura grotesca de um sujeito calvo, de meia idade, abraçando e sendo abraçado por aquela linda morena de olhos verdes. O sujeito era feio demais. Juntos formavam um quadro bizarro tirado do conto “a Bela e a Fera”. “- Não sei como certos indivíduos, sem nenhum atributo físico conseguem se aproximar de mulheres tão lindas?” – Pensei naquele momento. Talvez por ele ser tão feio fui agraciado em fazer amor com aquela linda e estonteante mulher. Um motorista qualquer buzinou na minha traseira quando então me dei conta de que estava parado no sinal verde emperrando o transito. - Como seria reencontrar a morena? –Perguntei para mim mesmo. – Será que ela ainda estaria por lá? - E sem resposta segui para a casa do meu avô. Faltavam poucos minutos para meia noite quando cheguei e encontrei o povo já em festa. Praticamente toda a família estava reunida, uns tomando caipirinha, outros comendo amendoim torrado, meu pai temperando a carne e minhas tias ajudando nos preparativos para a festa do dia seguinte. A festa seria na Fazenda Santa Barbara, local onde passei toda a minha infância até. os 14 anos quando mudamos para a cidade, numa casa do Jardim Progresso, e foi lá que conheci a menina loira de cabelos cacheados, então com seis ou sete anos, que agora já moça, tanto encantara minha mãe. E ela estava lá ajudando com os preparativos. Desta vez a cumprimentei, apenas com um beijo de face, já que suas mãos estavam cheias de farinha, preparando algum bolo ou coisa parecida. Fiquei por ali com um copo de caipirinha na mão, fingindo beber. Não queria ficar embriagado e dar uma impressão distorcida do meu caráter. De vez em quando a loira passava e dava um sorriso e, a cada sorriso, meu coração balançava. Creio que já passava das duas da madrugada quando todos se reuniram na varanda. Fui para o portão, onde o muro era baixo e me acotovelei apreciando a noite de céu estrelado e quente. Nesse momento minha alma estava viajando para alguma daquelas constelações, quando uma voz feminina trouxe-me de volta. - Pensando na minha prima? – Perguntou a loira aproximando-se. - Sua prima! – Gaguejei. - A morena de olhos verdes... É minha prima, de São Paulo, Capital. - Desculpe, mas não estou me recordando! - Nãos seja sínico. Sei que vocês transaram naquela noite de Natal! Senti um calor pelo rosto e por um instante fiquei sem saber o que responder. Ainda bem que era noite, senão todos me veriam mudar de cor. - Creio que esteja havendo um engano, porque eu não transei com sua prima! Foi ai que ela pegou em meus pulsos, examinando-o sob a luz que vinha da varanda. - As marcas? Deve ter ficado as marcas das algemas... - Desculpe-me, mas... Diabos, o que posso dizer para fazer você acreditar que não tive nada com sua prima? - Confesse... sei das algemas, do chicote... da cama na Zona!... Ela me contou... - E você acreditou nela? Se acreditou nela então fique com a versão dela. – respondi de modo a por um fim na conversa. - Então não vai me contar? - Não! Não tenho nada para contar. E ela me deixou e foi para casa. Fiquei fulo. Ela, a morena, não tinha o direito de falar sobre isso. Se chegasse ao ouvido do marido, e fosse um cara violento certamente me daria um tiro. Perdi o sono e sai pra rua. Fui até a zona, passei em frente a casa da luz vermelha. As moças até me reconheceram a acenaram pra mim, mas não parei. Voltei e uma das minhas tias ainda estava terminando de arrumar as coisas. Perguntei se a morena da casa em frente ainda estava por lá. Ela respondeu que não. Que a “moça morena de olhos verdes” tinha viajado com o marido para o Chile onde ficariam por mais de um mês. Claro que a curiosidade dela levou a outras indagações, mas foi fácil sair, dizendo apenas ter pensado que ela era solteira. Minha tia nos viu dançando, mas tudo indicava que não sabia como terminara aquela noite de Natal. Um alívio, pois logo em seguido senti sono e fui dormir. Quando acordei já era por volta do meio dia. Fomos todos para a fazenda. Depois de ter reunido todos os primos para uma foto, tirei a tarde para dormir em uma rede à sombra de uma árvore, no embalo de Polcas e Rancheiras, saídas do acordeom do Hilário. A meia noite explodiu em fogos, abraços e beijos. Meu avô estava feliz. Sobrevivera a um segundo derrame, e como ele mesmo disse várias vezes durante a festa: - Não sei se resistirei ao terceiro, então quero ver todos reunidos e felizes. - E estávamos, e creio que depois desse dia nunca mais nos reunimos. Logo depois da meias noite, a loira e sua mãe voltaram pra cidade e continuamos bebendo e dançando. De fato conversei pouco com ela. Estava meio arredio por causa das indagações que ela fizera acerca de sua prima. No dia seguinte a tarde, meio que de ressaca, fui com meu tio até a fazenda dele e quando voltamos já era de noite. Ele parou a caminhonete em frente ao portão da vizinha e a loira estava lá. Vestia um vestido curto e estava sentada no muro da casa e deixava à mostra um belo par de coxas. Pude ver bem os seus lindos pés. Unhas bem feita, adornados com uma sandália com tirinhas prateadas e pedrinhas de strass. Um decote abusivo deixava a mostra quase a metade dos seus seios. Era impossível passar despercebidos. Eram de fato tão lindos e chamativos que não dava para disfarçar desviando o olhar. Ela sorriu, e sorriu com malicia, porque sabia que eu a tinha desnudado mesmo que por uma só fração de segundos. Durante o banho não conseguia tirar aquela imagem da minha mente. Não demorei como de costume, porque queria sair logo. Quem sabe ela ainda estivesse ali sentada no muro, a minha espera. Ao menos queria acreditar que estaria. Para minha desilusão ela não estava mais sentada no muro. Desilusão maior foi descobrir que ela ficara ali esperando pelo namorado que acabava de chegar vindo de Ponta Grossa. Chato mesmo foi ver os dois pombinhos desfilando pela rua, de mãos dadas e trocando beijinhos apaixonados. Mas ela tinha um jeito de olhar quando passava com ele, que era inconfundível. Aquele olhar queria me dizer alguma coisa que eu me recusava a acreditar. E assim se passaram dois dias. Nesses dois dias, não sai de casa, fiquei ali, ora lavando o carro, ora podando as plantas do jardim, mas sempre dando um jeito de vê-la, mesmo que com o namorado a tira colo. O cara até que era boa pinta. Aparentemente inteligente. Não era mauricinho, mas também não usava boné virado pra traz. Às vezes até me cumprimentava e puxava conversa. Quem não queria conversa era eu, mas mesmo assim, fui bem cordial. - Afinal que direito eu tinha de ficar enciumado se a namorada era dele? Na manhã do terceiro dia o cara se mandou pra Ponta Grossa. Quando vieram me contar, era tarde da noite e eu perdi o sono. Confesso que não dormi e até saí para andar na rua de madrugada, em frente a casa dela, só pra ver se dava um jeito de falar com ela. No dia seguinte acordei cedo para quem tinha dormido apenas algumas horas. Mas a garota só acordou para o almoço e assim mesmo com cara de ressaca. Fiquei fulo da vida só de pensar que talvez fosse ressaca das noitadas com o namorado. - Mas que direito tinha eu de ficar assim. Problema dela. A tarde, ela apareceu como quem não quer nada, para conversar com minha tia. Deixei que as duas ficassem sozinhas. Não queria dar e impressão que tava a fim. Sentei no sofá da sala e fiquei dedilhando uns acordes no violão, até que ela apareceu interessada. - Sabia que você era bom desenhista, mas não sabia que tocava violão. - Não sou bom. Na verdade não sei nada. O que você ouviu é tudo o que sei. - Toca de novo. - Tá brincando, já disse, não sei nada. - Toca pra mim... - Ta bom! Mas só um pedacinho! - Tá! Minha tia sorriu e nos deixou a sós. Toquei “A gente briga, diz tantas coisas que não quer dizer...” em seguida veio Aline e encerrei tocando “Carinhoso”. - Que vai fazer a noite? –perguntei. - Ainda não sei. Acho que dormir – ela respondeu, mas seus olhos falavam que dormir era a ultima coisa que se passava em sua cabeça. - Sei que você tem namorado, mas como amigos, podemos sair, dar umas voltas... que tal? - Como amigos, pode ser... Promete que seremos apenas amigos? - Claro. Não gosto de jurar em falso, mas se quiser eu juro. Ela não entendeu a piada quanto a jurar em falso e ficamos combinados de dar umas voltas a noite. Ela apareceu com um vestidinho curto, estampado, muito simples, mas esbanjando sensualidade. Eu, naquele dia excepcionalmente, me vesti bem melhor. Algo por dentro dizia que se ficasse parecido com o namorado dela a noite seria frustrante, porque ela queria algo novo e, pelo que percebi nas entrelinhas das conversas, ela tinha se desentendido com o namorado, razão pela qual ele foi embora antes do previsto. Andamos de carro a esmo até quase de madrugada, e ela me propôs seguir até um local alto de onde podíamos ver as luzes da cidade. E lá fomos. A visão era deslumbrante. Saímos do carro para caminhar até um pé de acácia nos agraciava com pencas e pencas de delicadas flores amarelas. Um galho crescido na horizontal oferecia um perfeito banquinho para sentarmos e “namorar”. Sim, namorar. Embora algumas pessoas na década de setenta achasse “démodé” namorar, o ambiente, a hora e o local convidava a isso, e isso era tudo o que eu queria naquele momento e, com certeza ela também. Ficamos ali, sentados. Por alguns minutos fiquei olhando para o seu rosto iluminado pela tênue luz da lua. Seu suave semblante, com contornos perfeitos, adquiria um aspecto angelical. Se nunca tinha visto um anjo, ali esta um, mas sedutora como um demônio. Para deleite dos meus olhos a visão de anjo era perfeita, mas para o que meu corpo pedia, eu precisava da sedutora demônio. - Que foi? – perguntou ela sorrindo, enquanto eu tocava de leve seu rosto e a olhava no fundo dos seus olhos buscando uma reposta para os meus mais pervertidos desejos. Ela olhou-me correspondendo ao meu olhar e pediu, como que suplicando baixinho – Me beija! - Meu coração deu um balanço tomado pela surpresa. Claro que desejava beijá-la mais que tudo, mas não acreditava que pudesse estar acontecendo naquele momento, tão de repente. Um beijo molhado, quente, delicioso, perdido no tempo e que eu jamais tinha experimentado. Minhas mãos, como que por instinto, deslizaram pelas curvas de sua cintura quando ela então me puxou para mais perto de si. Voluntariamente minhas mãos desceram até a barra do seu vestido, levantando-o letamente para cima, esperando que fosse ser impedido. Mas não. Ela apenas beijou mais intensamente e mais apaixonadamente. Senti seu corpo aquecer e seu coração bater mais forte, no compasso do meu. Éramos cúmplices de um mágico momento na vida, que seria difícil descrever, porque foi muito alem da razão. Senti que ela estremeceu quando meus dedos avançam para dentro da sua calcinha, mas ao invés de impedir esse meu gesto ousado e precipitado, o que fez foi erguer a perna dobrando o joelho. A calcinha escorregou por sua coxa macia até o joelho permitindo que eu a desnudasse. Tocar em suas partes intima e molhada, a fez perder o fôlego, mas logo em seguido retornou ao beijo, afastando-se apenas por um momento enquanto suas mãos tremulas desciam o zíper da minha calça. O falo ereto e duro havia adquirido um tamanho além do normal e sedento de desejo procurou em meio as suas pernas aveludadas o caminho da felicidade, quando sua mão o retirou do caminho – Não! – disse ela com a voz tremula em embargada. - Ainda não! - concluiu e se abaixou, para me levar a um mundo de fogos e artifícios. Os pés perderam o chão, e sem duvida flutuamos por um céu iluminados apenas pelas estrelas que piscavam compartilhando de múltiplos orgasmos. Por outras furtivas tentativas de penetrar os insondáveis caminhos do amor, delicadamente ela impedia, repetindo o mais doce e sedutor “não” que jamais ouvira de uma mulher. Alucinantes jatos de amor se perderam na noite que findava e passamos alguns momentos trêmulos e agarradinhos deixando que apenas nossos corpos falassem. Satisfeitos mas insaciados fomos para casa, porque ela disse que se chegasse no romper do dia, a mãe certamente a questionaria e a impediria de sair na noite seguinte. Claro que interpretei essa colocação como favorável a mim. Seu interesse em sair na noite seguinte devia estar relacionado a mim, mas não ousei perguntar até porque não tinha a certeza de um sim. E o sono daquela manhã, foi povoado de sonhos delirantes de uma noite de amor, interrompida pela luz do sol, mas não acabada. Era talvez umas quatro horas da tarde, e eu não a via. O que me surpreendeu foi a idéia de que ela pudesse ter tomado o ônibus para Curitiba, enquanto eu dormia. Creio até que meus pensamentos foram verbalizados, porque minha tia, como que ouvindo as vozes de meu coração aflito, me tranqüilizou dizendo que a vira no supermercado com a mãe. Disse ainda que pelo visto do que estavam comprando, dariam uma festa. De fato daria uma festa, porque naquele dia ela completava dezoito anos. Mas eu não sabia, nem ela me dissera nada enquanto ficamos naquela manhã. Aprecei-me a comprar um presente. - Mas que presente? – Não sabia o que comprar, nunca fui bom nessas coisas. Perfumes, não, porque perfumes são coisas pessoais. Não se presenteia com perfumes, a menos que se saiba qual o perfume que a pessoa deseja. Flores. Sim flores. Rosas vermelhas. Vermelhas não. Seria muito ousado mandar flores vermelhas. Isso certamente demonstraria publicamente tudo aquilo que não desejamos revelar às pessoas, especialmente da sua família. Pedi à Venus, minha deusa predileta e regente do meu signo, que me desse uma luz. Imediatamente tive uma idéia: mandaria flores brancas, como sinal de amizade e flores vermelhas em nome do seu namorado. Fui até uma floricultura e pedi flores brancas, frisando que estas eram para uma amiga muito querida, e no cartão escrevi “do seu fiel amigo” subscrito com o meu nome. No buquê de rosas vermelhas escrevi “De quem muito te ama e a quer, mesmo depois de tantos não” assim todos pensariam que as flores vieram de seu namorado ou de um admirador qualquer, mas ela saberia quem as tinhas enviado. A estratégia deu certo. A noite, em sua casa, fui recebido como um grande amigo. Ela estava ao telefone recebendo os parabéns do namorado. Depois de alguns longos minutos de espera e de ouvir da mãe dela o quanto apreciava o futuro genro, ela desligou e se aproximou. Discretamente me disse – Adorei... as vermelhas!... Quem sabe hoje seja o dia do sim! Eram duas da madrugada quando os últimos convidados foram embora. Queria ficar por ultimo, por isso me propus a ajudar na limpeza mesmo diante dos protestos da mãe que dizia para deixar tudo para o dia seguinte, que a empregada limparia. - Mamãe, vou sair um pouco, tem problema? – Perguntou ela a mãe que apenas disse para que não voltasse muito tarde. Mal entramos no caro e confesso, não pude controlar uma ereção. Duas quadras a frente e ela já tinha aberto o zíper das minhas calças e o acariciava delicadamente. Uma mão no volante e outra percorrendo suas coxas firmes e sedosas acabava de descobri que não usava calcinha. Tentei falar, mas a saliva grossa me fez engolir as palavras. Quando falei, só saiu o que estava pensando e não o que pretendia lhe dizer. Creio até que tenha sido grosseiro e vulgar ao perguntar: - O pé de acácia ou motel? - Motel! – Ela respondeu, abaixando o olhar como quem fica envergonhada. E lá fomos nós. Havia, e acredito que ainda hoje exista, um motel na Rodovia do Café entre Alto Paraná e Paranavaí. Um luxo recém inaugurado, para os amantes e apaixonados. Quando entramos, um fogo incontrolado invadiu nossos corpos da cabeça aos pés e fomos tirando as roupas e da porta até a cama nos desnudamos por inteiros. Nossos corpos rolaram sobre o lençol macio, entrelaçados como duas serpentes no cio. Seu suor era como doce mel em minha boca, sugando seus seios. O momento chamava à consumação e ela, delicadamente afastou-me por um instante para oferecer-me uma camisinha. Por estar tão empolgado naquele encontro tinha me esquecido de pegar uns preservativos, mas ela precavida o trouxe. Entendi porque no dia anterior ouvira tantos não. Claro que sem preservativo nada feito. Mas isso estava resolvido e que agora importava é que lá estávamos nós, eu e ela, dois seres perdidos na paixão, prestes a dar vazão aos instintos mais selvagens que dois seres humanos poderiam revelar. Aquele corpo de linhas e contornos perfeitos, deitado sobre a cama ia além dos meios anseios. Disse a mim mesmo, que não merecia tanto, mas se aquilo tudo foi dado a mim, teria de fazer por merecer e, pensado na felicidade que eu deveria lhe proporcionar, deixei-me entregar de corpo e alma ás volúpias do amor até que sinos soaram diretamente do céu, quando, dessa vez, ela não disse não. - Vem meu amor, estou pronta para ser sua...! Seu corpo quente se enroscava ao meu em uma frenética balada. A paixão que nos dominava transbordava pelos poros e nos embriagava. Foi aí que depois de assumir todas as liberdades permitidas entre um homem e uma mulher, ela conduziu meu falo às entranhas do inexplorado e pude sentir que penetrava em um local onde outro homem não havia entrado. Foi quando ela me agraciou com um gemido de dor misturada com uma generosa porção de felicidade. Por um segundo hesitei entre o desejo de consumar e a preocupação de causar-lhe algum mal. Poderia estar forçando uma situação da qual, mais tarde, ela pudesse se arrepender. Foi aí que veio o incentivo e a decisão de não parar, afinal esperei tanto para abrir as portas da mansão dos prazeres que não entrar seria o mesmo que morrer às portas do paraíso celestial. – Vai com tudo, meu amor, me faz mulher! E o grito de dor mais intensa ela abafou com um gemido de prazer mantendo os lábios semicerrados e, aquela boca de lábios carnudos e vermelhos eu beijei como nunca antes havia beijado. Nossos púbis se tocavam num frenético vai e vem embalado pelo ritmo de dois corações acelerados, até culminar numa explosão seminal. Sinceramente, naquele instante, desejei que não estivesse contido para que inundasse suas entranhas e fosse sugado possibilitando o surgimento de uma vida, fruto de um instante sublime que, por instinto eu já sabia, não se repetiria nunca mais. Um sorriso de felicidade inundou sua face enquanto uma seqüência de breves suspiros denunciava os sucessivos orgasmos divinamente orquestrados nos levando ao ápice de todos os nossos sequiosos desejos. Exaustos e felizes, trêmulos e doloridos contemplamos nossos corpos refletidos no espelho do teto até que tudo se apagasse em um sono profundo, despertados com o canto do sabiá. Adoro o canto dos sabiás, mas naquele momento eu o odiei. Insensato pássaro, com seu canto, nos avisava que era o fim da noite que eu não queria que terminasse. A luz do dia penetrava pelas frestas da cortina entreaberta e nos levantamos apressadamente para voltar antes que a mãe dela acordasse. Quando a deixei em casa foi como se um pedaço de mim estivesse sendo arrancado. No dia seguinte a vi pela ultima vez, acenando para mim, discretamente da janela do carro. A mãe a levou para o aeroporto e de lá ela foi para Ponta Grossa, certamente para os braços do namorado. E, eu fiquei só, com uma historia de amor pra contar.