ATENÇÃO: ANTES DE CONTINUAR LENDO SAIBA QUE CONTÉM DESCRIÇÃO DE CENAS DE TERROR. TEXTO INADEQUADO PARA MENORES OU PESSOAS SUGESTIONÁVEIS.
Quando Natanael chegou ao médico para uma consulta de rotina, não sabia que a sua vida ia se revirada do avesso. Jovem, com aproximadamente 42 anos, nunca tivera nenhum problema de saúde grave, e seus exames de rotina sempre davam dentro dos parâmetros condizentes com a sua idade. Mas, aquela coceira no pênis, o incomodava já fazia alguns dias, e algumas feridas o impressionaram bastante. - Doutor o que pode ser isso? - Não posso dizer com certeza, vou colher material e mandar examinar. Passaram-se quase uma semana e as coceiras aumentavam. Como o médico havia recomendando, Natanael se absteve de sexo todo esse tempo. Quando retornou ao médico com os exames. O médico examinou e ficou um tanto chocado. - Meus Deus! - exclamou o médico. - Isso é impossível! - Como assim doutor, é muito grave? O médico saiu da sala e foi falar com a secretária. Ao retornar encontrou Natanael visivelmente consternado. - Não se preocupe, vou dar um jeito no seu problema, vou passar uma receita e quero que use o medicamento rigorosamente da maneira como eu recomendar. - Mas o que o senhor viu no meu exame doutor? - Meu rapaz, você foi contaminado por uma bactéria do tipo saprofágicas. Nada que não possa ser tratado com esse medicamento que estou lhe indicando. - Sapofrágicas, que raio de bactérias são essas? - São bactérias que se alimentam de carne podre. Em outras palavras, são responsáveis pela decomposição de cadáveres. Natanael foi para casa, chocado e sem maiores explicações de como teria contraído essas bactérias. No dia seguinte, uma viatura da policia civil parou em frente à sua casa e o chamou. Natanael, que não tinha nada a temer, saiu despreocupado para atender aos policiais que o “convidaram” a comparecer na delegacia. Na frente do delegado o investigador o acusou de violar uma sepultura no cemitério local, dizendo: - Aqui ta o seu 210 doutor! Natanael, conhecedor de seus direitos de cidadão, exigiu que lhe dessem maiores explicação. Afinal estava sendo acusado de um crime que não cometera. Soubera por volta de duas semanas antes, uma noticia no jornal de que uma sepultura de uma bela jovem, que morreu de forma misteriosa, fora violada. O cadáver havia desaparecido e não havia nenhum indicativo de quem o teria levado. O fato é que o cadáver da jovem ainda não havia sido encontrado e ele era o principal suspeito. - Estão me acusando de ter furtado o cadáver da moça? - Por enquanto não o estou acusando de nada, apenas o temos como suspeito por que foram encontrados em seu pênis bactérias que podem ser indícios de que o senhor pode estar com o cadáver da moça! – Disse o delegado. - Absurdo. Sei o que estão pensando, mas eu não tenho essa tara... Como se diz... Necromaníaco. Não sou nenhum necromaníaco, se é o que querem saber! - O senhor tem o direito de ficar calado, mas se nos ajudar a solucionar o problema, a pena poderá ser diminuída, de modo que é melhor pensar bem e decidir o que quer fazer! – Insistiu o delegado. Natanael ficou em silencio por um momento, pensativo, e ao final de alguns minutos disse ao delegado: - Creio... – engoliu seco e continuou - Acho que é melhor eu dizer o que aconteceu de fato, não é mesmo? - Sim, só assim poderemos ajudá-lo. - Pois bem, há aproximadamente quinze dias estava eu voltando de viajem quando dei uma carona a uma moça muito bonita. O delegado o interrompeu: - Não seria melhor ir direto ao ponto? - Calma, estou tentando encontrar as palavras certas doutor, não sei nem como vou contar os detalhes. - Tudo bem fique a vontade, o escrivão depois fará um resumo somente da parte que nos interessa para o inquérito. E Natanael continuou sua narrativa: - Ela era uma moça muito bonita, creio que tivesse uns vinte e dois anos. Loira, cabelos compridos. Usava um vestido branco meio transparente... Nisso o escrivão cochichou com o delegado - Até aqui a descrição bate, vamos ver onde ele vai chegar! - Posso continuar? – Perguntou Natanael que interrompeu a narrativa quando da atitude grosseira do escrivão - Por favor, continue! – Disse o delegado. - Pois bem, quando ela entrou no carro senti um cheiro de terra úmida. Na verdade acho que era mais um cheiro de bolor da terra. Natanael parou e olhou fixamente para o teto. Todos esperaram que retomassem a narrativa. - Pensando bem – disse voltando ao assunto – agora que estamos falando em cemitério e cadáveres, acho que o cheiro era bem parecido com o cheiro de terra de cemitério. Credo! - E daí, o senhor deu carona à moça e...?? – Interviu o delegado para que Natanael não se desconcentrasse da narrativa. - Ah! Sim... Ela entrou no carro e saímos, mas ela logo puxou a saia até o meio das cochas... Doutor... Que cochas!... - Sim, sim, continua! - Ai ela olhou para mim... Seu olhar transbordava sexualidade! Foi ai que o escrivão, sem maiores explicações levantou-se saiu da sala. O delgado pediu licença e foi ter com o escrivão. - Que ta acontecendo, a boneca ta sem estomago para ouvir o resto da historia? - Com todo respeito doutor, não estou com estômago para ouvir o resto da conversa! - Tome tento rapaz, isso é parte do nosso trabalho, volte lá e escreva tudo o que ele confessar. Coisa rara de acontecer, aliás, praticamente impossível acontecer, mas o delegado pediu a copeira para servir um café a Natanael. Afinal estava lidando com um criminoso, mas ao mesmo tempo com uma pessoa, que no seu modo de entender, merecia ajuda. Natanael recusou o café, mas aceitou um copo de água. Assim que o escrivão e o delegado retornaram à sala continuou a falar. - Tenho que confessar doutor, que naquele momento, só eu e ela, e ela me olhando daquele jeito, senti por ela uma certa teso. Sabe doutor, não sou do tipo que abusa das mulheres somente por lhe dar carona, mas ela... Ela estava se oferecendo. - Ai vocês transaram? - Não! Ela me disse que morava num sitio fora da estrada, e indicou o caminho assim que nos aproximamos da entrada. Andamos por uma estrada de terra aproximadamente uns dois quilômetros, quando o carro atolou num trecho de lama. Por sorte eu tinha uma pá dentro do carro. Conseguimos tirar o carro da lama e tocamos mais uns três quilômetros até uma casa com varanda. - Ai você a deixou na casa. Tinha mais alguém nessa casa? – Perguntou o delegado. - Não. A casa estava vazia. Entramos, o fogo na lareira estava aceso, como se alguém o tivesse deixado pronto para nós. Sobre a mesa da sala havia uma garrafa de vinho tinto, duas taças e um vaso com rosas vermelhas no centro da mesa. - Vocês beberam vinho? - Ela me levou até o banheiro e lá havia uma banheira com água morna e ela me deu uma toalha e um roupão de seda. Eu estava muito sujo por causa da lama da estrada. Tomei um banho. - Ela entrou na banheira com você e vocês tomaram banhos juntos? - Não senhor. Eu tomei banho sozinho e quando saí ela já tinha trocado de roupa. Ah! Que mulher linda. Vestia uma roupa branca bem mais transparente. Estava muito sensual, irresistível. Sentamos em frente a lareira e eu abri a garrafa de vinho. O vinho era delicioso. Não me lembro a safra, mas era bem delicioso. - E depois do vinho, vocês já mais animadinhos fizeram sexo? - Ora doutor. Depois de um bom vinho, ao lado de uma linda e sedutora mulher, o senhor acha que faríamos o que? - O senhor poderia nos levar ate esse sítio? - Estava muito escuro naquele dia, não sei se me lembraria exatamente onde é, mas posso tentar. Se formos a noite creio que será amais fácil eu localizar a entrada. - Faremos o seguinte: o senhor vai pra casa, mas fica advertido de que não poderá sair da cidade sem comunicar as autoridades. Se sair sem avisar, será considerado foragido e serei obrigado a pedir sua prisão provisória até o termino das investigações. - Pode deixar doutor, não pretendo sair da cidade. Sou o principal suspeito de violar uma sepultura e desaparecer com o cadáver, por isso tenho o maior interesse em esclarecer tudo o mais rápido possível e me livrar dessa culpa. Assim que Natanael deixou a delegacia, o delegado pediu para um dos investigadores que o seguissem. Quem sabe ele resolvesse devolver o cadáver à sepultura, assim o pegariam com a “boca na botija”. Mas Natanael foi direto pra casa e naquela tarde não saiu. Discretamente o investigador olhou o carro na garagem e de fato havia lama nas rodas e lataria. Comunicou o fato ao delegado. Não demorou dez minutos e várias viaturas cercaram a casa de Natanael. Mais uma vez chamaram por ele, e ele os atendeu solicitamente. Pediram se podiam dar uma geral na casa e no carro, com que Natanael aquiesceu. Um dos invstisgadores encontrou no porta malas do carro a pá referida no seu depoimento, toca enlameada de terra vermelha. Com a pá em punho, o investigador foi até o delegado e cochichou no seu ouvido: - Não há dúvidas doutor, a prova de que foi ele está aqui. A pá com a terra da sepultura. - Meu caro jovem, - disse o delgado ao investigador – a sepultura violada é do tipo gaveta, toda de concreto, não havia necessidade de escavar nada. Essa pá suja de terra coincide com a narrativa dele, de que esteve com o carro atolado na estrada. A prova definitiva virá quando chegarmos ao sitio e encontramos o cadáver da moça, que provavelmente ainda deve estar lá. Dizendo isso, virou para Natanael e perguntou: - Seria incomodo irmos agora até esse tal sitio onde vocês estiveram? E assim foram todos. Natanael, fez questão de ir com o próprio carro, alegando que se estivesse dirigindo seria, para ele, bem mais fácil localizar o sitio. O delgado foi no carro com Natanael, seguido por duas viaturas da policia. Andaram cerca de 40 km pela rodovia quando Natanael avistou a porteira por onde entraram. Disse não ter certeza de ali era o caminho que dava acesso ao sitio, disse que as imagens estavam um tanto confusas em sua mente, mas era quase certo que estavam na estrada que levava à casa onde passou a noite com a moça. Rodaram uns dois quilômetros pela estrada de terra e chegaram a um barreiro. A lama estava toda revolvida como se alguém a tivesse retirado com uma pá. Natanael reconheceu que estavam no caminho certo. - Ah! Vejam, a lama,foi aqui que precisei usar a pá para desatolar o carro. A lama já havia secado e não tiveram dificuldades em passar e logo mais a uns três quilômetros adiante avistaram a casa tal como Natanael a descrevera. A porta estava entreaberta, e no interior da sala havia duas taças e uma garrafa de vinho fechada. A lareira tal como foi descrita estava acessa como que a espera de alguém. - Foi aqui que você e a moça...? - Sim doutor! Sobre esse tapete tivemos a mais inesquecível noite de amor. Um dos investigadores se aproximou do delegado e disse baixinho: - Vamos meter a algema nesse cara doutor e leva-lo pra cadeia, não há mais duvida, ele trouxe o cadáver da defunta pra cá e acabou de confessar que fez sexo com ela! - Calma, - respondeu o delegado - se não acharmos o cadáver da moça, com semem dele nela, não teremos nenhuma prova conclusiva. No dia seguinte aparecerá um advogado com um mandado do Juiz pra pormos o cara em liberdade, ai como fica nossa cara? - Ok! Vamos revirar a casa, vamos encontrar o cadáver dessa moça e prender o filho da mãe. Que nojo. Como um cara pode fazer isso? - Não se importa de dermos uma olhada ai pela casa? – Perguntou o delegado a Natanael. - Ora doutor, a casa não é minha, mas parece que não há ninguém. Não seria melhor esperar pela moça, pelo visto ela está por perto, veja deixou a lareira acesa e uma garrafa de vinho. Parece até que quem mora aqui está esperando alguém! - Vamos ter de recolher as taças e a garrafa se a moça não chegar, para verificarmos se há pressões digitais nela. Sabe o que acontecerá se encontrarmos a suas digitais nela, não sabe? - Com certeza doutor, nessas garrafas não poderão encontrar as minhas digitais, porque no dia em que estivemos aqui, tomamos o vinho todo, e esta garrafa está fechada. – Natanael retrucou ao delegado, com certo ar de deboche. Um dos investigadores começou a entrar pelos quartos e logos todos se empenharam em procurar onde estaria o cadáver da moça ou uma pista que os levasse a ele. Natanael sentou-se no sofá e aguardava pacientemente a ação dos policiais. O delegado ficou na porta da entrada e pensativo olhava pra lua cheia que despontava no horizonte dando um brilho suave nas folhas das arvores. Acendeu um cigarro e mal tinha dado a primeira tragada, foi interrompido. - Doutor, venha até aqui, achamos um corpo. - O delegado, jogou o cigarro fora e, esquecendo-se de Natanael que ficara sentado no sofá, atravessou a sala a largos passos e foi em direção ao banheiro da casa. Na banheira, um cadáver estava submerso e pelo estado de putrefação já devia fazer alguns dias que estava ali. Quando abriram a porta do banheiro um fedor de carne podre invadiu a casa. Todos saíram para respirar ar puro. Passaram um rádio para o corpo de bombeiro vir retirar o cadáver. Nesse atropelo todo, esqueceram-se, por um instante de Natanael e, quando retornaram à sala, ele já não estava mais no sofá. Enquanto uma das viaturas voltou à cidade para acompanhar os bombeiros e os peritos, os outros que ficaram começaram a procurar por Natanael, que parecia ter evaporado. Das duas únicas portas que davam acesso a casa, a da cozinha estava trancada às chaves e as chaves da cozinha estavam do lado de dentro. Pela porta da sala, se estivesse saído, eles o teriam notado. Só podia estar dentro de casa ou saído por uma passagem secreta. Reviraram a casa novamente e nenhuma passagem secreta foi encontrada. Desistiram, afinal tinham um cadáver para identificar. - Não temos pressa – disse o delegado. Uma hora mais tarde o corpo de bombeiros e os peritos estavam no local. Tiraram fotos e encontraram nas roupas do defunto a carteira de motorista e o identificaram. - Delegado – chamou-o um dos peritos – identificamos o homem! - Homem? - Perguntou o delegado. - Sim, seu nome é Natanael... - Não pode ser, Natanael foi o homem que nos trouxe a este lugar! - Veja o senhor mesmo se o identifica pela foto da carteira de habilitação. É uma foto recente. - É ele, mas não é possível, ele esteve aqui conosco até há poucos minutos? - Pelo estado de decomposição ele morreu há mais ou menos uma semana! No dia seguinte o delegado pediu uma licença e foi descansar uns dias na sua cidade natal. Ao seguir pela rodovia, por volta das nove horas da noite, passou em frente a entrada do sitio, parou o carro e ficou ali meditando, querendo entender o que aconteceu naquela noite, naquele lugar. Desceu do carro, caminhou alguns passos pela estrada de terra, olhou as estrelas e a lua que despontava cheia e brilhante. Quando voltou para o carro uma moça loira,vestida com um vestido branco quase transparente o esperava. - Por favor – disse a moça, e concluiu – moro numa casa no final dessa estrada, mas estou muito cansada de andar. O senhor poderia me levar até minha casa? O delegado sentiu um frio correr pela espinha e os pelos do corpo arrepiar. - O senhor está se lembrando do fato que aconteceu na casa assombrada. Também fiquei chocada quando soube pelo noticiário local. - Desculpe, por um instante pensei... Deixa pra lá... Entra no carro. A moça entrou e seguiram pela estrada de terra. A loira puxou o vestido até a metade da cocha e, o delegado, viu os mais lindos pares de pernas que um homem já podia ter visto. Seu falo endureceu e ele foi dominado por uma tesão sem igual. O coração acelerou e ele começou suar frio. Estava excitado como nunca se excitara antes. Um cheiro de terra úmida meio mofa invadiu o interior do carro, mas acreditou que podia ser mera impressão pelo que Natanael lhe contara dias antes, e seguiu em frente. Afinal aquela linda mulher, a sedução em pessoa o excitara demais pra se preocupar com o que considerou meras fantasias de sua mente.
Para o livro Contos fantasmagóricos Texto concluído as 9h e 21 min do dia 10 de maio de 2011 Publicado em Meu Livro On Line, em 10 de maio de 2011 Tupã – Estado de São Paulo.
Incluída no novo site em "contos de arrepiar" em 22 de outubro de 2011 as 11h e 46min (horário de verão)